Nem sempre nos damos conta das extensões do nosso eu, geralmente há uma impressão de que nossa referência pessoal reside numa instância dentro de nós e só. Todavia, muito do que somos acontece quando nos relacionamos - surge na relação com o outro (seja este outro pessoas, animais, natureza ou até mesmo objetos sem vida).
O quarto, a gaveta, os objetos pessoais, para ficar por aqui nos exemplos, são defendidos com rigor quando alguém sem permissão invade estes territórios, como se invadissem nosso próprio eu. Outros chegam as raias do suicídio quando uma paixão vai embora, como se o próprio eu fosse junto. O apego a objetos ou pessoas dão uma boa esticada ao nosso eu, há aqueles que tem um 'euzão' com tantas coisas a administrar que uma velha anedota explica bem o caso, lembrando que, piadas são também um reflexo da angústia do ser humano, rimos daquilo que temos dificuldade em aceitar ou explicar:
"Acidenta-se um automóvel. O condutor surge das ferragens e geme:
- Meu Mercedes...Meu Mercedes...
Alguém diz:
- Mas, senhor... que importa o carro? Não vê que perdeu um braço?
Olhando o coto sangrento, o homem chora:
- Meu Rolex...Meu Rolex!"