Lindomar Almeida
As notícias que chegam aos ouvidos e olhos são de progresso técnico: "Nunca a humanidade evoluiu tanto", "a humanidade evoluiu nos últimos 50 anos mais do que em toda sua história". A ubiqüidade torna-se a característica dos aparelhos eletrônicos e das rápidas relações modernas. O acesso a este universo técnico é símbolo de avanço em relação aos demais sujeitos. Uma legião de seguidores seguem os cânones, os padrões ditados, pois, necessitam se afinar às tendências.
Assim, enquanto 'evoluídos' tecnicamente, a cada dia ressoam também notícias de involução no campo das relações humanas. São muros construídos entre fronteiras, acentuação de purismos étnicos/culturais, o diferente sendo vilipendiado - como é o caso do imigrante tratado como ralé -até as expressões mais primitivas de violência fria e despudorada, principalmente nos centros urbanos.
Evoluídos tecnologicamente, porém, estamos voltando ao tempo da pedra lascada em matéria de relações dialógicas. Um perigo, porque se estamos com acesso a técnica, de outro modo, ficamos desarrazoados. Custou-nos tanto descobrir a cooperação, que nos possibilitou o viver gregário, e estamos num processo de autodestruição pela competição selvagem, em nome da maximização do lucro.
O que fazer? eu, você?
Não é possivel hoje somente sonhar com utopias sociais, como mudanças externas, sem levar em consideração o âmago do sujeito, o despertar interior, a cultura psíquica. Sonhar (exterioridade) e despertar (interioridade) são atravessamentos imprescíndíveis contra o cansaço fluido da modernidade.
Mudanças para melhor ocorrem no mundo, não somente por decretos, senão, por ações referendadas por revoluções internas.