quarta-feira, novembro 10

Ubuntu



Por Lindomar Freitas de Almeida

Trabalhava para uma instituição numa metrópole na Amazônia. Certo dia uma colega de trabalho despediu-se para estudar e trabalhar noutra cidade. Naquele dia de tristeza pela partida e alegria pelos bons serviços prestados todos ali diziam, em unaminidade, sobre os benefícios de ter convivido com ela.

Uma das palavras ditas por um senhor já idoso para aquela amiga chamou-me atenção: "ela está recebendo muitos elogios é bom recebê-los, porém, estes elogios não são somente para ela, são também para todos que no passado e no presente de alguma forma ajudaram a formar sua personalidade". E dentro de mim completei: por isso, elogios não são para envaidecimento, mas, para agradecimento à comunidade humana que atravessa nossa subjetividade e eternamente fará parte de nós.

Descobri esta sabedoria em minhas doces e amargas experiências pessoais bem antes deste episódio da despedida daquela amiga. Aquele dia, no entanto, foi um estalo, um insight, que fez fechar uma configuração sobre este entendimento.

Depois de alguns anos conheci um conceito humano, no sentido profundo da palavra, de origem africana: UBUNTU.

UBUNTU é o mergulho em um sentimento de que somos humanos somente por intermédio da humanidade dos outros. Qualquer ação que fizermos neste mundo é devido em igual medida aos trabalhos e realizações dos outros. Há uma máxima africana que diz: umuntu ngumuntu ngabantu - uma pessoa é uma pessoa através de outras pessoas.

Este antigo conceito se assemelha ao de pensadores modernos como Morin, Capra entre outros. Além disto, é uma urgência para o mundo pós-moderno.

quarta-feira, novembro 3

O Imponderável

Por Lindomar Freitas de Almeida
Há situações que fogem ao nosso controle, há situações que não podemos ter controle nenhum. Este deveria ser um entendimento básico, tranquila compreensão para os pobres mortais. Mas, não é o que acontece. A falta desta compreensão é o motivo de grandes sofrimentos, de dores emocionais, por vezes, dramáticas.

Quem já entendeu e assimilou isto vê como grande limitação atitudes de pessoas que diante do imponderável (aquilo que não se pode prever) esperneiam feito crianças mimadas.
Por exemplo: o dia está claro agora e de repente...uma chuva torrencial não permite que você saia a um encontro marcado. Segue-se uma enchurrada de impropérios de todas as espécies contra os céus como se isto lhe desse algum poder de fazer a chuva parar. Outro exemplo: o filho adulto bem sucedido viaja por vários anos, sujeito responsável, constrói casa e casa-se. A mãe não queria que ele casasse e não aceita por nada neste mundo a parceira do filho, sem explicar porquê, não visita e pouco fala com o filho.

Noutro caso o sujeito planejou toda sua vida ao sair de casa. O curso universitário, as notas das provas, as amizades, as namoradas, o casamento, os filhos, as viagens... todavia a maioria das estratégias usadas não alcançaram os objetivos traçados. O sujeito deprime sentindo-se inferior aos demais.
Passaria minha vida toda descrevendo situações reais motivo de sofrimentos, em síntese: o Eu ideal bem distante do Eu real.
Geralmente ocorre que esquecemos de dar lugar para o IMPONDERÁVEL em nossas vidas. Esquecemos daquilo que foge ao nosso controle, daquilo que não cabe em nossos planejamentos, daquilo que não podemos prever.
Como pouco se reflete sobre o IMPONDERÁVEL, as perdas se tornam dramáticas e a maior delas, a morte, incompreensível.


Rato e relações.

Por Lindomar Almeida Renato está desempregado e fica em casa. Jandira sustenta a família nestes meses duros. Renato percebe qu...