sábado, março 22

Nascer...


Por Lindomar Freitas de Almeida
Entrar num mundo com ruídos, barulhos, luzes excessivamente claras, vozes desconhecidas e descansar em um berço largo. Tão diferente da relação íntima, do aperto afetivo na barriga da mãe.
O estômago será o motivo de choros quando vazio, de choros quando cheio de gases, de choros quando cheio demais. Aos poucos o estômago adapta-se, amadurecendo já próximo do trigésimo dia, quando as evacuações serão mais espaçosas. Fazê-lo arrotar e eliminar gases é um alívio para o bebê, juntando a isto os cuidados diários ajuda-se a estruturar a idéia de que ele é protegido. Pois, o medo nesta fase é de ser abandonado. Medo este que será uma lembrança por muito tempo em nossas vidas, até o dia em que, quando adultos, o ressignificarmos e, então, num processo de crescimento pessoal aprendermos a con-viver com os outros tendo-os como companheiros da existência, jamais como tábua de salvação.
Paradoxalmente ao medo do abandono, se estabelece neste começo da vida a confiança. Confiança que será a base futura para fé. Confiança e abandono, são irmãos siameses neste começo. Os pais, neste sentido, são na relação com o nenén a fonte destes dois traços para o resto da vida.

Que papel importante! A sensação de proteção, de aconchego, de vínculo afetivo com os pais diminue o medo - estabelece-se a confiança. A imagem que temos de Deus, por exemplo, está intimamente relacionada com este momento inicial quando se estabelece a confiança. Podemos dizer, que desta imagem de Deus (confiança e bondade), desenvolvida na relação com os pais, será impossível destituirmo-nos. Dizer que se é ateu é preciso definir de quê, pois, desta Imago Dei é praticamente impossível.

Quando há preparação consciente o momento do nascimento torna-se o principal gozo da vida, a otimização do orgasmo, onde os horizontes ficam mais claros e uma inquebrantável força de viver surge, pois, a própria vida em sua expressão frágil e terna, torna os pais fortes porque cuidadores do próprio Mistério em suas mãos.

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